É inequívoco que atravessamos um momento excecional. Ao longo dos últimos meses, a pandemia do Covid-19 virou o mundo do avesso, provocando danos na saúde pública, mudança de hábitos e rotinas sociais e enormes alterações na nossa sociedade. Na tentativa de mitigar o impacto do coronavírus e a cerca de quinze dias, duas semanas do final do 2º período, foi decidido o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino (escolas, creches, universidades), públicos e privados, ou dito de outra forma, a suspensão de todas as atividades letivas e não letivas presenciais. De um momento para o outro, a ESCOLA como a conhecíamos mudou! Ficou simplesmente vazia, daqueles que são os seus intervenientes principais, os alunos! Num curto espaço de tempo as rotinas de todos alteram-se por completo. Foi necessário em muitas casas, conjugar as aulas dos filhos e o teletrabalho dos pais. Foram incansáveis os professores no trabalho colaborativo e de entreajuda que desenvolveram, no sentido de ultrapassarem dificuldades e potenciarem os seus conhecimentos. A Escola foi posta à prova de uma forma muito clara e esteve obrigada a uma adaptação permanente ao contexto. Para todos os que consideram a Escola como uma instituição demasiado conservadora, pouco flexível, a forma como conseguiu responder neste período foi inequívoca. A Escola adaptou-se ao ensino à distância, mesmo sabendo que é o regime presencial aquele que melhor serve a aprendizagem das crianças e jovens. A Escola procurou não deixar ninguém para trás, mesmo sabendo que o contexto do ensino à distância, claramente acentua as diferenças do enquadramento familiar de cada aluno. De uma forma muita clara a Escola assumiu o papel relevante que tem na nossa sociedade. No ensino à distância, realidade em que tínhamos uma reduzida experiência, foi superado o desafio de manter o contacto com os alunos, foi superado o desafio dos professores continuarem a ensinar e os alunos a aprender, foi superado o desafio do recurso a novas ferramentas e novas metodologias e foi superado o desafio de manter a permanente motivação e foco dos alunos. Estes níveis de superação, num momento excecional, só foram possíveis pelo enorme esforço que todos fizeram, os professores, o pessoal não docente, os alunos e as suas famílias e um conjunto significativo de instituições parceiras, onde assumiram particular relevo as Associações de Pais e as Autarquias. O ano letivo que agora se inicia será em regime presencial. O regime presencial é aquele que melhor garante “o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares”. Tendo por base as várias orientações e diretrizes do Ministério da Educação e da Direção Geral de Saúde, as Escolas organizaram-se de acordo com a sua especificidade e abrem as portas aos alunos com algumas particularidades, que tem como principal objetivo limitar ao máximo o contacto social: número de alunos divididos equitativamente entre o turno da manhã e turno da tarde; horários desfasados de intervalos; horários desfasados de funcionamento do refeitório; definição de circuitos de circulação distintos para as turmas, limitação da lotação de espaços comuns, entre outras. A Escola é um local de relações. Relações de proximidade e afetividade que são fundamentais no processo ensino aprendizagem. Este é, pois, o grande desafio do ensino presencial, neste momento. O momento que atravessamos exige de todos grande responsabilidade, no cumprimento das orientações que são definidas. Só com um enorme esforço coletivo estaremos mais próximos de sermos bem-sucedidos. Que assim seja!
Pedro Oliveira Subdiretor do Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco Artigo escrito no âmbito da iniciativa "Quartas na Sede"