A Vaca Voadora
FIDELIDADES. Um dos sintomas de que uma democracia se encontra enferma ocorre quando as mesmas situações despertam reações diferentes consoante os atores que se encontrem no poder. Por exemplo, alguém se lembra de ter visto o líder da FENPROF, Mário Nogueira, a defender o não encerramento da Escola Secundária de Carcavelos, recentemente anunciado? Protestar pelo facto de, no ano letivo em curso, 26 mil professores terem ficado sem colocação? Denunciar o atraso no pagamento às famílias carenciadas das verbas da ação social escolar? Acusar a falta do pagamento das dotações financeiras contratualizadas com as escolas profissionais? Criticar o Governo pelo encerramento de bibliotecas escolares por falta de funcionários? A resposta é não. Hoje, ao contrário de ontem, o Governo também é dos comunistas e todos sabemos que a primeira fidelidade dos sindicatos afetos à CGTP nunca foi para com os seus sindicalizados, mas sim para com o PCP.
AUTÁRQUICAS. 2017 é ano de eleições autárquicas. Depois do desaire de 2013, o seu pior resultado de sempre, com a perda 30 câmaras municipais no computo geral e 1,6 milhões de votos face às eleições de 2009, a que se somam as derrotas em grandes concelhos como o Porto, Coimbra, Gaia, Coimbra, Sintra, Vila Real, Funchal e a não conquista de Lisboa, o PSD só pode ambicionar melhorar, e muito, os resultados das próximas eleições locais.
VACA VOADORA. “Símbolo perfeito do regoverno socialista”, como escreveu João Miguel Tavares, a vaca de António Costa, elevada à condição de animal alado, representa o país das maravilhas do primeiro-ministro, um país onde não há impossíveis. Em 2016, as suas politicas é que não foram grandes “voadoras”. António Costa prometeu um crescimento económico de 2,4%, em 2015 cresceu 1,6%, mas este ficará pelos 1,2%. Prometeu um crescimento do investimento na ordem dos 12%, mas, ao invés, ele está a decrescer nessa percentagem. Prometeu uma descida da divida pública para os 127,5% do PIB, mas esta, pelo contrário, já subiu para os 133,4%. António Costa pode governar como se acreditasse que as vacas voam, como se não houvesse impossíveis. Mas elas não voam, não.
Jorge Paulo Oliveira
Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Famalicão
