A importância da EN14 para a economia do país
02-12-2016
Muito se tem dito, escrito e discutido sobre a necessidade de alargamento da Estrada Nacional 14 (EN14). Aliás, e infelizmente, esta situação não é nova. Pelo contrário, estamos a falar de uma estrada em que o constrangimento rodoviário se arrasta há cerca de 20 anos.
Mas esta semana voltou a ser notícia e, quase sempre, pelas piores razões. É que, por aquilo que nos foi dado a perceber, ainda não há uma solução à vista e parece que voltou tudo à estaca zero, ou seja, mais uma vez a construção da alternativa à EN14 vai ser adiada.
Desde logo, é profundamente lamentável a posição pública do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas ao referir que a obra não estava cabimentada, que precisava de reavaliar o projeto e que a intervenção só pode ser feita de forma integral, em vez de uma execução em quatro fases, como se tinha já assumido como uma boa estratégia.
Se é lamentável esta postura do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, julgo que ainda é mais estranho o silêncio do Ministério da Economia, não se percebendo a sua ausência neste debate. Sim, porque apesar de esta ser matéria da responsabilidade do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, não é menos verdade que o que está em causa é a competitividade das nossas empresas e aquilo que representam para o concelho, para a região e para o país.
Tendo o Ministério da Economia como missão a conceção, execução e avaliação de políticas dirigidas ao crescimento da economia, competitividade, inovação, internacionalização, promoção do comércio interno e externo e atração de investimento nacional e estrangeiro, seria expectável que tivesse uma maior intervenção neste domínio.
É, pois, precisamente aqui que gostaria de recentrar o debate. Mais do que discutir o processo, seus avanços e recuos, julgo que o fundamental é discutir o que está em causa e o que é mais importante nesta questão: a competitividade das empresas, suas exportações e a própria atração de investimento!
A este respeito, realça-se a entrevista ao Jornal de Notícias de Pedro Carreira, administrador da Continental Mabor, a maior exportadora do Norte e quinta nacional, que reafirmou que o estrangulamento da EN14 é um entrave ao crescimento de todas as empresas da região.
No caso do concelho de Vila Nova de Famalicão e apenas nas localidades que lhe dizem respeito – Lousado e Ribeirão –, este estrangulamento afeta, segundo dados de 2013 do Instituto Nacional de Estatística, cerca de 400 empresas, das quais 128 de cariz exportador, representando um volume de negócio de cerca de 1,7 mil milhões de euros e cerca de 9.000 empregos.
Na minha perspetiva é disto que devemos falar e é isto que todos, sem exceção, devemos destacar e dar força! Por isso, reitero que o Ministério da Economia não pode esconder-se e fugir desta realidade porque é do crescimento económico da região e do país que estamos a falar.
Por isso, Senhor Ministro da Economia, faça ouvir a sua voz e tenha capacidade de persuasão perante os seus colegas do Governo, nomeadamente o titular da pasta do Planeamento e das Infraestruturas, dizendo-lhe que é o futuro de pelo menos 400 empresas e de pelo menos 9.000 trabalhadores que está em causa. Se for esta a mensagem e se existir vontade política, qualquer processo terá certamente o seu percurso normal. Sem desvios e, fundamentalmente, sem desculpas!
Augusto Lima
Coordenador do Famalicão Made IN
