As cinco razões para investir em Famalicão

28-07-2016

Aquando da apresentação do novo projeto da Continental Mabor – a LousAgro, uma nova unidade de produção de pneus radiais agrícolas que irá gerar mais de uma centena de empregos e que representa um investimento de 50 milhões de euros –, o administrador Nikolai Setzer elencou as cinco razões pelas quais o grupo alemão decidiu investir em Vila Nova de Famalicão: qualificação dos recursos humanos, custos, qualidade, infraestruturas e localização e apoio do poder nacional e local (Governo e Câmara Municipal).

Foi muito claro até quando, sem quaisquer reservas, disse que a qualificação dos recursos humanos foi a razão primeira para esta tomada de decisão. E realçou que o que faz a diferença nas empresas são as pessoas. Uma afirmação muitas vezes proferida, é certo, mas, vinda de um administrador de um grande grupo alemão, parece ter outro impacto. Até porque muitos de nós, por vezes, não temos consciência da competência dos trabalhadores portugueses que, genericamente, concorre com a dos melhores do mundo. Esta afirmação vem, portanto, colocar no centro das atenções as pessoas e os portugueses, confirmando assim que não é só no desporto que nos destacamos; também no mundo empresarial estamos na linha da frente. A este respeito, importa ainda sublinhar o trabalho que tem sido feito pela Rede de Educação e Formação de Famalicão, pois tem contribuído, de modo significativo, para que as empresas do concelho possam recrutar quadros médios com capacidades técnicas adequadas às suas necessidades. Não é, pois, por acaso que mais de 50% dos jovens que frequentam o ensino secundário no concelho estão na via profissionalizante, ou seja, o concelho está a responder eficazmente aos desafios do tecido empresarial, nomeadamente ao nível da qualificação dos seus recursos humanos.

Em segundo lugar, Nikolai Setzer destacou a questão dos custos. Referiu que provavelmente os custos da Continental de Lousado não são os mais baixos, em comparação com outros países que concorreram a este investimento, mas são os mais eficientes. Significa isto que os salários não são os mais baixos, nem tão pouco os custos de contexto, mas a forma como são geridos faz com que sejam os mais eficientes. Normalmente, este é um factor decisivo para uma tomada de decisão como esta, pois, na maioria das vezes, os investidores procuram territórios em que os custos de produção são mais baixos, mas este caso vem evidenciar que cada vez é mais importante a forma como são geridos todos os custos de uma forma global, não se olhando apenas para a vertente salarial. É, portanto, mais uma razão que valoriza o tecido empresarial português e, em particular, o famalicense.

Em terceiro lugar, o administrador alemão apontou a qualidade como outro factor importante para que o investimento tenha vindo para Famalicão. Muito associada à qualificação dos recursos humanos, surge a qualidade da organização, dos processos e dos produtos. Uma vez mais os trabalhadores portugueses, desde que inseridos em dinâmicas de gestão devidamente normalizadas, estruturadas e assentes em valores e princípios perfeitamente conhecidos e partilhados, são capazes de produzir produtos de elevada qualidade e com valor acrescentado. Contribui para este factor, sem dúvida, a competência da gestão e das equipas de trabalho, pois só assim é possível manter índices elevados de qualidade em todos os domínios de uma organização.

Em quarto lugar, foi elencada a questão das infraestruturas e da localização. Apesar de algumas infraestruturas micro não estarem ainda resolvidas, a localização da Continental Mabor, num contexto regional que beneficia de uma rede de infraestruturas de transporte e comunicação completa, foi igualmente preponderante. À escala global, nunca é demais sublinhar que Famalicão pertence ao Eixo Atlântico, com excelentes acessibilidades e com aeroportos e portos marítimos muito próximos, permitindo assim um eficaz escoamento dos seus produtos. A sua posição geoestratégica é assim um factor crítico de sucesso para a atração de investimento.

Por último, Nikolai Setzer evidenciou o apoio do poder nacional e local. Este é um bom exemplo de uma relação público-privada. O trabalho desenvolvido pela AICEP e pela Câmara Municipal foi apontado como uma excelente forma de colaboração entre quem pretende investir e quem pretende captar investimento. São exemplos como este que são bem-vindos ao país e a Famalicão, em particular.

Em suma, de forma direta, simples e objetiva, Nikolai Setzer elencou os cinco fatores críticos de sucesso ao nível da captação de investimento e que, na minha perspetiva, deverão ser o principal cartão-de-visita perante potenciais investidores. Famalicão proporciona condições favoráveis a projetos empresariais, uma vez que possui recursos humanos altamente qualificados, o que se traduz na produção de produtos de elevada qualidade, custos eficientemente geridos, facilmente mobilizáveis e com apoio do poder público nacional e local. Com estes ingredientes é bom investir em Famalicão!

Augusto Lima
Coordenador do Famalicão Made IN

Texto publicado na edição de 28 de julho de 2016 do Jornal Cidade Hoje

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