Sim, sim, foi o António

19-01-2017

MENTIRA. António Costa acordou com o BE e o PCP uma subida do salário mínimo nacional (SMN) para 557 euros. Mais tarde, em sede de concertação social, ao confrontar-se com a oposição dos patrões, habilidosamente, ofereceu-lhes uma descida da TSU em 1,25%, que aos parceiros da “geringonça” afiançara nunca vir a fazer. Contrariados com a falta de palavra do primeiro ministro, bloquistas e comunistas, anunciam a submissão do acordo alcançado em sede de concertação, à apreciação parlamentar com o objetivo de revogarem a contrapartida oferecida. São estes partidos, e não o PSD, que tomam esta iniciativa. Foi Antonio Costa, e não Passos Coelho, quem mentiu aos parceiros sociais, fazendo-os acreditar que tinha o apoio dos restantes “partidos da geringonça”.

ENCURRALADO. Sem o apoio da esquerda, António Costa vira-se para o PSD. Argumento: o PSD no passado e nas mesmas circunstâncias, defendera a descida da TSU. A segunda mentira, estava lançada. Em 2014, o PSD avançou com uma descida de 0,75% da TSU, mas apenas pelo período de um ano, que terminou em 2015, e na condição dos parceiros sociais aceitarem que as futuras atualizações do SMN seriam ajustadas à inflação, ao crescimento económico e à produtividade. Ora, a atual descida da TSU em nada se assemelha à do Governo PSD/CDS-PP.

DESPUDOR. Não há, deste modo, qualquer incoerência da parte do PSD. Há é uma vergonhosa falta de pudor do primeiro ministro. Só alguém, como António Costa, que negociou com os partidos à esquerda antes de acordar com os patrões e sindicatos, que mentiu aos segundos, que faltou à palavra aos primeiros, que negociou aumentos de salários sem qualquer relação com a realidade económico-financeira das empresas, é que teria o descaramento de exigir que fosse o PSD, a quem não hesita maltratar e com quem nada negociou, que lhe salvasse a face.

INDIGNIDADE. Se António Costa tivesse um pingo de vergonha exigiria o apoio do BE e PCP e demitir-se-ia se este lhe faltasse. Afinal, não foi António Costa que disse: "Eu não pedi, nem preciso do apoio do PSD para cumprir o programa do governo"? ou “Formou-se uma maioria estável que assegura, na perspetiva da legislatura, o suporte parlamentar duradouro a um Governo coerente"? Sim, sim, foi António Costa…


Jorge Paulo Oliveira
Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Famalicão


(artigo publicado na edição de 19 de janeiro de 2017 do jornal Cidade Hoje)


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