COMISSÁRIA. A não escolha de Pedro Marques para Comissário Europeu foi uma boa noticia. Nunca concebi que um péssimo ministro, do ponto de vista técnico, político e ético, pudesse ser um dos escolhidos de Ursula von der Leyen. Reconheço que Elisa Ferreira tem uma outra preparação, mas não consigo esquecer aquele episódio em que clamou ao seu eleitorado que “o dinheiro é do Estado, é do PS!” Esta insolente declaração já tem alguns anos, mas serão os suficientes para acreditar numa alteração radical da sua conceção política e da sua visão sobre o Estado?
ENCENAÇÃO. A bofetada, e que bofetada, que António Costa desferiu ao BE, na sua última entrevista ao Expresso, não é sinal de moderação. António Costa consegue entender-se razoavelmente com o BE, os seus ministros convivem bem com o BE, muitos dos deputados do PS confundem-se com o BE. As políticas seguidas pelo Governo em áreas como a Educação, a Segurança Social, a Habitação, a Cultura e até a Economia evidenciam essa proximidade. Mas António Costa, que andou a puxar o BE para o arco da governação, precisa agora de dar a entender o contrário porque quer os votos do centro e da direita moderada. É tão simples quanto isso. Como sempre, tudo não passa de uma encenação.
MOTORISTAS. A greve dos motoristas, que ocupou uma boa parte do espaço mediático do mês de agosto, ensinou-nos que os sindicatos também se atraiçoam, que a CGTP é capaz de assumir o papel duma central colaboracionista e que os sindicatos independentes são inorgânicos, pela simples razão de estarem de fora do perímetro da CGTP e da UGT. Para memória futura registe-se que, doravante, os serviços mínimos podem ser máximos, que daqui em diante devemos contar com a possibilidade do Estado forçar as pessoas a trabalhar e detê-las se a tanto se recusarem, que uma requisição militar em cima de uma requisição civil pode voltar a acontecer e que os militares podem ser colocados no papel de fura-greves.
INTERRUPÇÃO. Dada a minha condição de candidato a Deputado à Assembleia da República pelo PSD, por dever ético interrompo a minha participação neste espaço Regresso depois de 6 de outubro.
Ponto de Ordem, Cidade Hoje, 5 de setembro de 2019.