Os tempos estão de feição para a afirmação da sustentabilidade como bem essencial para a preservação da vida das próximas gerações. Temos cada vez mais consciência da importância que as questões ambientais têm na nossa vida quotidiana. Termos como economia circular, reciclagem e demais formas de encarar a reutilização dos bens que produzimos/utilizamos, estão cada vez mais presentes nas nossas vidas.
Temos hoje até a noção que, para muitos, já não tem tanta importância a posse, mas sim o uso. Muitos de nós vão tendo amigos que já não se preocupam em ter um carro, porque nas grandes cidades andam de transporte público e porque assim podem usufruir de transporte à sua medida onde quer que estejam, ou em que cidade for. Muitos de nós têm amigos que já não têm como objetivo de vida ter casa, mas poder usufruir de uma casa e poder mudar quando entendem.
Temos vindo aos poucos a mudar os estilos de vida. Hoje somos capazes de usar uma casa de alguém numa cidade, em vez de irmos para um hotel. O alojamento local está em alta e ele corresponde a uma nova forma de economia – a economia colaborativa.
Depois do comunismo e do capitalismo estaremos no advento de um novo ismo? O colaboracionismo? Esta nova forma de economia, uma economia de partilha, com ou sem preocupações sociais (partilha de carros, partilha de casas, partilha de bens), está aí e bem presente!
Ora, o que tem isto a ver com a dívida? Pois bem, numa economia colaborativa, não precisamos todos de comprar tudo, alguns podem comprar e partilhar. Isso fará com que a produção venha a diminuir, e consequentemente, com que a medida da dívida de um país venha a sofrer alterações. Hoje Portugal tem um volume de dívida. Contudo, sem alterar o valor da dívida, como a economia vai crescendo, o valor da dívida em função do PIB vai diminuindo.
Pois bem, no futuro será assim? Na economia colaborativa o PIB terá tendência para decrescer. Todos temos de nos preparar para assistirmos nos tempos mais próximos a decréscimos de PIB. E isso fará com que as dívidas dos países venham a subir em função do PIB, se nada for feito. O tempo em que a dívida diminuía porque o PIB aumentava, parece-me estar a acabar. Também por essa razão é imperioso que se olhe com seriedade para o problema da dívida e não se queira apenas olhar para o curtíssimo prazo. Portugal tem de diminuir a sua dívida, com pagamentos, com renegociação, mas que tem de diminuir o valor absoluto, lá isso tem. É imperioso!
Vítor Moreira
Presidente da Mesa do Plenário da Comissão Política Concelhia do PSD de Famalicão
(artigo publicado na edição de 04 de janeiro de 2018 do jornal Correio do Minho)